Ele é o que podemos chamar de um artista completo: ator cantor, compositor. Fez novelas em praticamente todas as emissoras brasileiras e até no exterior. Hoje no quadro Território Entrevista nosso papo é com Claudio Lins, que conversou com o blog durante passagem por Curitiba para apresentações no Festival de Teatro da cidade.

Claudio, vamos começar falando sobre as suas atividades atuais. Como está a carreira nesse momento?
Bom, eu estou vindo de uma temporada no Rio de O Beijo no Asfalto – O Musical, uma produção minha com direção do João Fonseca. A gente adaptou esse texto do Nelson Rodrigues para um musical e temos sido muito felizes no resultado disso porque, apesar de ser uma ousadia em que podia dar tudo errado, deu muito certo e as pessoas gostam muito do espetáculo. Fomos indicados a prêmios, especialmente no sentido da inovação, pelo fato de adaptar Nelson Rodrigues para linguagem de musical. Estamos sendo convidados a apresentar esse trabalho em festivais, como o de Curitiba. Então, essa é uma das coisas que está na minha agenda. A outra é a volta de Elis, a musical, um espetáculo que já ficou dois anos em cartaz entre Rio, São Paulo e turnês por algumas capitais. A gente volta agora a fazer uma nova turnê que vai passar por seis cidades.
Falando agora sobre a sua carreira na televisão. Seu último personagem foi o Sérgio de Babilônia. Qual é o balanço que você faz desse trabalho?
Acho que foi muito positivo. Foi também um desafio entrar no meio de uma novela que tinha questões em relação ao público, à audiência e à temática do homossexualismo. No início da novela houve uma reação muito forte ao fato de existir um casal de senhoras homossexuais, então existia sempre um temor a respeito de como isso seria aceito, se seria aceito ou não pelo público. E, no final das contas, o público torcia por esse casal que era interpretado por mim e pelo Marcelo Mello Jr. Foi um privilégio poder agregar valor à novela.
Destacaria algum momento ou alguma cena especial da novela?
Olha, a cena do chuveiro, né? Lembro muito bem daquele dia, foi muito marcante. Fomos muito bem dirigidos pela Maria de Médicis, que decidiu mudar toda a estrutura do cenário para facilitar a ação, ela teve muita sensibilidade. Mudaram a privada de lugar, a entrada do box…. E, de fato, ninguém deu importância para as alterações do cenário, porque o conteúdo da cena, com o meu personagem levando o do Marcelo à força na cadeira de rodas para tomar banho era muito forte. Quando terminamos de gravar, o Marcelinho, que é muito engraçado, disse que Sérgio e Ivan eram um “casal 20” (risos).
E Babilônia marcou o seu retorno à Rede Globo depois de 13 anos…
Sim! Depois de muitos anos e de três novelas no SBT, aconteceu meu retorno à Globo. Eu espero que essa seja uma porta que continue aberta, porque é realmente um privilégio trabalhar na Rede Globo. Não digo isso em detrimento dos outros lugares onde eu trabalhei, muito pelo contrário, só tenho a agradecer. Acho que essa experiência de poder trabalhar em outras emissoras é engrandecedora, porque é diferente em relação às pessoas, aos profissionais e à estrutura, e isso acaba estabelecendo outros desafios. E o público de cada emissora também é diferente. Então eu me sinto privilegiado. Mas trabalhar na Globo é trabalhar no olimpo da teledramaturgia nacional. É muito prazeroso, tem muito profissionalismo, muita estrutura, você chega em casa e assiste aquela fotografia linda, com tudo muito bem cuidado, muito bem acabado… Enfim, é um grande prazer trabalhar na Globo!
Você trabalhou praticamente em todas as emissoras de televisão do país, não foi?
Sim! Só não fiz novelas na extinta Rede Manchete. No caso da Record não trabalhei lá diretamente, não gravei nos estúdios, mas fiz uma novela que foi comprada por eles. (Tiro e Queda). Trabalhei na Bandeirantes, na Globo, no SBT e na TV Brasil.
E em Portugal também, né?
Ah, sim, essa foi uma experiência incrível! Lá fiz uma novela chamada Terra Mãe. Passei seis meses gravando, foi ótimo, fiz grandes amigos! Vivi de uma maneira diferente, não como turista, mas como morador. Passei meu aniversário lá, Natal, Ano Novo… Enfim, foi incrível! E vi que o básico da novela é igual em todo lugar. Naquele momento a novela portuguesa ainda estava se estruturando. Tanto que Terra Mãe foi a primeira novela a bater em audiência as novelas brasileiras. Então eu me sinto muito privilegiado de ter participado e de ter contribuído de alguma maneira para esse mercado.
Se tivesse oportunidade, faria mais novelas por lá?
Com certeza! Na época já foi muito legal e eu soube que eles evoluíram muito na questão da estrutura e da técnica, então com certeza eu voltaria!
Agora queria que você falasse um pouco sobre as suas recordações de História de Amor e Esmeralda, que são consideradas as novelas mais marcantes da sua carreira.
História de Amor foi minha primeira novela e só tenho lembranças deliciosas desse momento. Foi uma novela que abriu as portas da minha carreira e até hoje as pessoas comentam. Outro dia uma pessoa do Canal Viva me disse que a reprise de História de amor rendeu a maior audiência do canal. Foi nessa novela que eu aprendi quase tudo que sei de televisão.
E Esmeralda, para mim, foi uma novela surpreendente. Foi muito difícil de fazer, a estrutura do SBT era relativamente precária em relação ao que é hoje e o esquema era gravar o mais rápido possível. Então a gente trabalhava muito, principalmente os protagonistas. Por isso foi muito sofrido, mas, no final das contas, foi um trabalho de grande sucesso e que me rendeu muitos bons frutos. Também ouvi dizer que Esmeralda está no topo de audiência das novelas do SBT até hoje.
E os planos futuros para tv?
Bom, na verdade os planos para tv nunca são nossos, né? A gente sempre espera estar nos planos das emissoras. Mas existe uma “luzinha” muito interessante, ainda não confirmada, mas que tem tudo para acontecer, que é a segunda temporada de Natália. Essa é a série que fiz para a TV Brasil. Pode ser que seja gravada no segundo semestre para ir ao ar no final do ano ou começo do ano que vem. Por enquanto, em termos de tv, seria isso.
Mas tem vontade de fazer mais novelas?
Claro! Fazer novela é uma delicia, eu adoro! É um tipo de trabalho que dá muito retorno para a carreira no sentido de visibilidade e até estabilidade financeira, já que a gente recebe um salário, que nem sempre é possível nessa profissão. Enfim, eu adoro! Na verdade, eu gosto de fazer bons trabalhos. As pessoas às vezes me perguntam se eu prefiro fazer teatro, televisão ou cantar. E minha resposta é sempre a mesma: eu prefiro fazer um bom trabalho e de estar envolvido em projetos que me deem prazer.
Claudio, muito obrigada por dispor do seu tempo para conversar com o Território da Novela. Te desejamos muito sucesso sempre e esperamos poder conversar mais futuramente sobre seus próximos trabalhos!
Imagina, foi um prazer! Até a próxima! Muito obrigado!